Cientistas alemães identificam mecanismo que é envia ao cérebro a informação de que é hora de parar de comer.
Pesquisadores da Alemanha e da Finlândia mostraram que a chamada “gordura marrom” interage com o hormônio intestinal – secretina – para transmitir sinais sobre a saciedade durante uma refeição.
O estudo, publicado em 15 de novembro na revista Cell, reforça a compreensão de um papel há muito suspeitado do tecido adiposo marrom (BAT) – um tipo de gordura conhecida por gerar calor quando um animal está com frio – no controle da ingestão dos alimentos.
“Nós demonstramos uma conexão entre o intestino, o cérebro e a gordura marrom, descobrindo uma faceta desconhecida do complexo sistema regulador que controla o balanço de energia”, disse o autor Martin Klingenspor, presidente de medicina nutricional molecular na Universidade Técnica de Munique. “A visão da gordura marrom como um mero órgão aquecedor deve ser revista, e mais atenção precisa ser direcionada para sua função no controle da fome e da saciedade.”
Durante uma refeição, os sinais codificados pelos hormônios intestinais chegam ao cérebro através do sangue ou através dos nervos ativados no intestino delgado. O trabalho de Klingenspor e colegas indica que a secretina – inicialmente reconhecida em 1902 por estimular o pâncreas a secretar bicarbonato para ajudar o intestino delgado a neutralizar o ácido e digerir os macronutrientes – tem um papel subvalorizado na saciedade.
No estudo, ratos famintos que foram injetados com secretina e eles diminuíram o apetite.
Injetar secretina nos camundongo também aumentou a quantidade de calor que sua gordura marrom produziu.
Os camundongos com tecido de gordura marrom inativado, no entanto, não tiveram a mesma diminuição de apetite quando injetados com o hormônio – sugerindo que o efeito da secretina na gordura é que causa a sensação de plenitude.
Além de estudar os efeitos da secretina na gordura marrom em camundongos, os níveis de secretina foram medidos em 17 voluntários humanos. Em um estudo na Finlândia, o consumo de oxigênio dos tecidos marrons e a absorção de ácidos graxos foram medidos no sangue dos participantes após jejum noturno e 30-40 minutos após a refeição. Os pesquisadores descobriram que níveis mais altos de secretina no sangue dos participantes correspondiam a gordura marrom mais metabolicamente ativa.
Klingenspor diz que, um dia, poderemos saber o suficiente sobre a conexão da gordura marrom e secretina para estimular a produção do hormônio comendo certos alimentos. “Qualquer estímulo que ativa a termogênese da gordura marrom poderia induzir a saciedade”, diz ele. “A secreção de secretina é sensível aos nutrientes, por isso, comer o alimento certo pode ser útil para promover a saciedade e resultar em redução do tamanho das refeições e da ingestão calórica.”
Ele acredita que o papel da gordura marrom no controle da fome e da saciedade a tornam um alvo particularmente atraente para novas abordagens no tratamento da obesidade. Ativar a gordura marrom com a secretina pode ser um promissor potencial para futuras intervenções nutricionais ou farmacológicas contra a obesidade e doenças metabólicas, diz ele.
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Fonte:
1- Yongguo Li, Katharina Schnabl, Sarah-Madeleine Gabler, Monja Willershäuser, Josefine Reber, Angelos Karlas, Sanna Laurila, Minna Lahesmaa, Mueez u Din, Andrea Bast-Habersbrunner, Kirsi A. Virtanen, Tobias Fromme, Florian Bolze, Libbey S. O’Farrell, Jorge Alsina-Fernandez, Tamer Coskun, Vasilis Ntziachristos, Pirjo Nuutila, Martin Klingenspor. Secretin-Activated Brown Fat Mediates Prandial Thermogenesis to Induce Satiation. Cell, 2018; DOI: 10.1016/j.cell.2018.10.016